Abaixo a violência do latifúndio e suas milícias fascistas no campo! Terra para quem nela trabalha!

Cadáver de Neri Kaiowá

Cadáver de Neri Kaiowá, assassinado em 18/09. Foto: povo Guarani Kaiowá

A violência inaudita, perpetrada pelas hostes latifundiárias no campo contra a luta pela terra, manifestada através de ameaças, intimidações e assassinatos, escancara o caráter anti-democrático e reacionário do Estado brasileiro. Sob a égide de um governo dito progressista, o campo brasileiro continua sendo palco de um massacre covarde e criminoso contra camponeses, indígenas e quilombolas. No ano de 2023, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou um relatório que denuncia ao menos 200 assassinatos contra povos originários, grande parte deles cometidos pelas milícias fascistas no campo. Não só a violência de lideranças e lutadores pela terra permanece alta mas também a ínfima quantidade de demarcação de terras.  

A situação dos Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, da luta pela demarcação imediata e retomada da Terra Indígena (TI) Panambi-Lagoa Rica, onde estão atualmente as áreas da Fazenda Barra, é particularmente crítica. A Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica está homologada e delimitada em 12,1 hectares, mas a demarcação não avançou apesar das promessas. Nesta batalha contra os latifundiários que invadiram a terra ancestral, o jovem Neri Guarani-Kaiowá foi morto com um tiro na cabeça, dia 18 de setembro, na Terra Indígena (TI) Nhanderu Marangatu. Concomitantemente a esta luta, as queimadas causadas pelo latifúndio bolsonarista no Centro-Oeste causaram um enorme impacto ambiental, deixando o céu de inúmeros estados coberto de cinzas. Essas ações armadas e incendiárias devem ser mais amplamente denunciadas nas grandes cidades.

Nesta semana, em Pernambuco, o acampamento Barro Branco, dirigido pela Liga dos Camponeses Pobres sofreu uma reintegração de posse da Agropecuária Mata Sul, com a proteção da PM. Segundo relatos, a PM utilizou o Batalhão Especializado de Policiamento do Interior para realizar a reintegração, momento em que os pistoleiros dispararam contra camponeses e estudantes, ferindo uma estudante no pé e um camponês na perna.

Ainda esta semana, o MST denunciou o assassinato da liderança Zaqueu da Vila, que estava à frente de três acampamentos no Norte de Minas (Tamburi, Terra Preta e Terra Verde) e concorria a uma vaga de vereador. O MST informou que Zaqueu vivia sob constantes ameaças de latifundiários e “poderosos” da região.

O Judiciário acumula investigações sobre crimes não resolvidos, incluindo assassinatos e massacres, que não receberam a devida resposta. Além disso, o Estado brasileiro empilha condenações na Corte Interamericana de Direitos Humanos por ataques e violações que datam desde o regime militar, o que prova que o sistema latifundiário e sua máquina de destruição e morte é inerente ao capitalismo burocrático brasileiro, independentemente de qual partido se assente no palácio do planalto. Por exemplo, em uma recente transmissão de sentença, em março deste ano, a Corte Interamericana de Direitos Humanos declarou que o Estado brasileiro é responsável pelo uso desproporcional da força durante uma marcha pela reforma agrária em Campo Largo, Paraná, em 2 de maio de 2000. Naquela ocasião, o trabalhador rural Antonio Tavares Pereira foi assassinado e outros 185 trabalhadores ficaram feridos enquanto buscavam manifestar-se publicamente por seus direitos. Até agora, não foram adotadas medidas de apoio às vítimas ou punições aos responsáveis.

É urgente que o campo democrático levante uma denúncia categórica contra o massacre contínuo no campo. Ao mesmo tempo, devemos difundir a justeza da secular luta pela terra, sob a poderosa consigna de “terra para quem nela trabalha!”. A despeito de toda a repressão, esta resistência persiste por 524 anos e sua trajetória se confunde com a formação econômico-social e cultural de nosso país. Qualquer ilusão da possibilidade de fazer uma “revolução” completa que conviva com o aparato burocrático-militar do Estado ou paramilitar dos latifundiários não seria mais do que uma mistificação da nossa realidade. Somente a luta decidida, e unificada, dos pobres da cidade e do campo poderá liquidar este sistema semifeudal-semiescravocrata caduco e redimir os nossos condenados da terra do século XXI.

TODA SOLIDARIEDADE À RESISTÊNCIA SAGRADA DE CAMPONESES, INDÍGENAS E QUILOMBOLAS!

VIVA A ALIANÇA OPERÁRIO-CAMPONESA E A UNIDADE DOS POBRES DA CIDADE E DO CAMPO!

TERRA PARA QUEM NELA VIVE E TRABALHA!

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