É difícil dizer adeus a um ano novo, mas nessas últimas semanas do ano, a despedida é inevitável. A vida tem dessas idas e vindas, e de uma forma muito clichê, afirmo essa afirmação tão afirmada mais uma vez. Esse foi de fato um ano de idas e vindas, de recomeços e novos caminhos, de esperança e empolgação, das correntes que se soltaram e de barulho nas margens.
É difícil dizer adeus a um ano novo, porque o ardor do novo queima com gosto de réveillon. Esse ano pareceu que toda semana era uma virada diferente, a cada semana uma nova explosão, tempos de efervescência e de borboletas.
Não é que todas essas viradas foram fáceis, mas o que é fácil para o povo? A própria vida na terra, por exemplo: Quantas particularidades foram necessárias? Quantas contradições e inconsistências? Processos tão irregulares, entre séculos e séculos de existência, para chegar onde estamos.
Para viver no mundo real, é necessário não ser um covarde agarrado a velhas convenções, a velhas ideias e análises. Pois a contradição da matéria é infinita em sua finitude, não dá para fugir dela, é inútil vedar os olhos e ouvidos com medo. Pois a verdade não combina com a ignorância, nem mesmo a História gentil com ratos.
Estou me despedindo. Desse ano novo, desse tempo gostoso, olhando para trás e tendo orgulho de que, sobretudo, é a vida real, e não a ideal, a que vivo. Pois é nela que reside a verdade, a beleza, e no frigir dos ovos, a verdadeira felicidade. Não a idealizada, a proletária.
Adeus ano novo, o próximo já está a caminho.
São Gonçalo, 2024