Atualizado em 11/12
Na última sexta acabou o processo eleitoral para o Diretório Central dos Estudantes na UFF e apresentamos nosso balanço. Ao início deste processo, nossa organização tomou uma decisão: intervir! Nossa luta era de garantir que a eleição de DCE cumprisse com o dever de mobilizar o corpo estudantil de nossa universidade, carente de soluções para seus problema fundamentais: passe-livre municipal e intermunicipal, bandejão nos campi interiores, assistência para permanência, mais bolsas de pesquisa, sucateamento da licenciatura, ataques da extrema-direita, etc.
Em 24.1, impulsionamos a greve contra os cortes do governo Lula, a primeira declarada como greve estudantil antes da dos professores, que foi altamente mobilizada apesar da tentativa da gestão antiga e atual de impedir por seus estreitos laços governistas. A greve estudantil foi garantida com os piquetes e atividades, onde nós atuamos junto aos companheiros do campo independente, de onde veio o CILU – Comitê Independente de Lutas da UFF. E para poder lembrar do início da nossa história na UFF escolhemos o nome homenageando o coletivo UFF para o Povo por onde atuamos durante a pandemia para defender a universidade pública contra o EaD e pela organização sanitária. Desde então, foram muitas as lutas, como as ocupações do Bloco P que conquistaram as duas pautas em menos de 48 horas: o GT para implementação do curso noturno na Filosofia e a Comissão de Estruturação da Licenciatura em Sociologia e a ocupação da REItoria.
Intervir nessa eleição serviu para demarcar ainda mais os dois caminhos de luta dentro do movimento estudantil: a linha eleitoreira, oportunista e vendida, representante do governo federal dentro do ME e a linha Independente, Combativa e Democrática, ligada unicamente aos interesses dos estudantes. E foi nesse desafio que nos lançamos, tocar as eleições para o DCE ao lado dos companheiros da RECC e independentes, levantando a bandeira única de que só a luta combativa conquista nossos direitos! Contra os acordões anti-estudante e a educação anti-organização coletiva e sim eleitoreira (portanto, carreirista e individualista) no movimento estudantil.
Porque entendemos que os estudantes em sua maioria são jogados para fora dos espaços de decisão, perseguidos, desmoralizados e desincentivados a fazer parte da construção da ainda frágil democracia universitária. E mesmo com a tentativa de ataque a uma das nossas companheiras durante a eleição pela velhíssima organização* – que escolhemos romper – foram essas mulheres que levaram adiante o compromisso com os estudantes por uma nova UFF, uma nova representação estudantil que dialogue, resolva, organize e combata pelos interesses do corpo estudantil.
E o retorno que tivemos não poderia ser melhor: com menos de uma semana para pensar na logística e propaganda, sem nenhum financiamento, além de doações feitas por professores, estudantes e entidades democráticas – e por conta disso, sem ter como garantir presença em todos os polos – conseguimos 347 votos em nossa chapa e 6,1% de representação estudantil, conquistando uma cadeira no Conselho Universitário.
Cada voto arrancado com suor e trabalho de nossas companheiras e companheiros de chapa, que combateram e participaram atentamente do processo, organizando seus cursos e indo contra o claro programa de esvaziamento do processo eleitoral. Vejamos nesta análise das 2 semanas de processo: o calendário foi aprovado no conselho de entidade de base do dia 11/11, com a duração de menos de um mês. A palavra “aprovada” soa errado ao definir o Conselho de Entidades de Bases (CEB), visto que esse calendário foi empurrado goela abaixo das entidades de base pela antiga gestão (novamente atual) do Diretório Central.
Negligenciando o esvaziamento por causa do horário avançado, o CEB foi mantido até altas horas da noite. Com o Conselho esvaziado, a comissão eleitoral e o calendário da eleição foram decididos. Vale ressaltar que a comissão eleitoral foi composta por militantes em sua a maioria de fora da UFF, excluindo os estudantes que poderiam aprender e participar deste processo na comissão. Mesmo após o calendário ser divulgado publicamente, os membros da C.E. nunca se apresentaram ao corpo estudantil da universidade, nunca sequer criaram um canal de diálogo com todos para falar sobre o funcionamento da eleição, e dessa forma o processo inteiro se seguiu.
Não há nenhuma explicação plausível para esse absurdo a não ser a tentativa proposital de esvaziar e excluir o corpo estudantil dos espaços de debate, mantendo as discussões sobre o rumo da luta estudantil na UFF fechado entre eles. Isso foi comprovado quando houve a necessidade de remarcar o debate de chapas devido a uma queda de luz em Niterói. No dia 29/11, faltando meia hora para o debate o local não havia sido divulgado, assim como nenhum esclarecimento sobre o que havia ocorrido.
Todo esse esforço das chapas envolvidas por fazer uma eleição desmobilizada se expressou no resultado final: Apenas 5.689 estudantes votaram nessa eleição, isso dá menos da metade dos votantes de 2022, cuja o total de votos foi de 11.569 votos. Durante a votação faziam corredor polonês para coagir as pessoas a votarem em certos institutos, enquanto outros nem sequer tiveram urna. Dá para levar a sério uma gestão que se orgulha de sair vitoriosa desse processo antidemocrático e excludente?
Agora, ao campo independente da UFF, não resta dúvidas que este foi um importante marco: os estudantes estão atentos e rejeitando esse modo de fazer política (ou não fazê-la). Nessa eleição, nossa chapa provou que a organização faz a força e essa foi só a aprendizagem! Os estudantes não aceitam mais essa extensão parlamentar no movimento estudantil, querem um movimento combativo e estão dispostos a construí-lo a duras penas.
E esta atuação não termina na uma eleição de DCE: seguiremos mobilizando e intervindo nas lutas estudantis dentro e fora da universidade, como fazemos através da nossa organização o Novo MEPR, nos nossos Centros e Diretórios Acadêmicos e junto com o Comitê Independente de Lutas da UFF em defesa do direito de entrar e permanecer e de uma universidade verdadeiramente democrática!
Agradecemos a todos os votos e convidamos a todos a construírem a luta independente e combativa na UFF e em todas as universidades.
VIVA O NOVO MEPR!
REBELAR-SE É JUSTO!
*ver nota de repúdio a ameaça e tentativa de agressão a companheira do Novo MEPR pois dois militantes enviados pela direção do velho MEPR https://novomepr.com.br/nota-de-repudio-do-movimento-estudantil-da-uff-e-rj/