Descansem almas cansadas
Nossos corações baterão por vocês
Enquanto vivermos
Suas almas também viverão
Pelas veias abertas do tempo
Bombeia sangue
O coração vivente
E irradia memória
A vida pulsante
No mundo que nos tira
O direito à vida
De anjos operários e camponeses
Trabalhadores e estudantes
Que erguem o céu
Enquanto são soterrados
Pela crosta bruta do sofrimento
Sob o véu
De terríveis vazios
Miragens das ilusões
Aos sufocados
Encontrem ar na luta!
E que não nos matem mais
Por razões
De alma muda
Alvo de balas
Fome, vírus ou tortura
E das fontes concretas
Dos demônios silenciosos
Que nos devoram
De forma surda
Por um momento perdidos
Num mundo sem direção
Diante
Da solidão do abismo
-Miragem do imperialismo
Se jogam irmãos
Mas se encontrarão conosco
Suas memórias
Em cada passo dado
Para a libertação
Não esqueceremos!
Os mortos no mangue
Os cálices de sangue
E o gole silencioso
No suspiro final
Após o violento silêncio
Do veneno
Terminar de cobrir
Uma alma gigante
Em seu último momento
Seguiremos firmes!
Pois podem derrubar
Os mais fortes guerreiros de nossas fileiras
Mas nunca derrubarão
Todo o batalhão!
Podem derrubar
Os melhores integrantes
De nossa classe
Mas não podem derrubar
A classe inteira!
Em meio ao mundo em chamas
O povo
Forjado nas cinzas
Nasce e renasce
Preparando o incêndio
Dos incendiadores
Podres assassinos
Amaldiçoados
Pela fúria das multidões
Cairemos
E seremos levantados
Pararemos
E seremos levados
Seguiremos
Unidos corações revoltados
Abrigo das almas vivas
Cujo corpo foi retirado
Marchamos enfileirados
Ombro a ombro
Em direção
A derrubada violenta
Da injusta miséria
Com que nos cerca
Cínicos sádicos
Em seus tronos
Sustentados
Por pilhas de ossos
Os fantasmas
Maldição de seus assassinos
Os farão tremer sempre
Enquanto covardes
Habitando essa terra
Nos tirarem os nossos
Para isso
Espíritos encontrarão abrigo
Nas almas combatentes
Corações de veias abertas
Que darão
Aos matadores
De armas concretas
Sua extinção
Em nossas fileiras
Corações e mentes
Memórias
E certezas
A lembrança de nossos guerreiros
e guerreiras
caídos
no peito
E a história nas mãos
Em frente!
Nossos mortos viverão!
Os filhos do presente
-o futuro dos povos
viverão!
e lutaremos
até o fim
para o fim
da morte
de nossas irmãs e irmãos