
Às 4 da manhã os tiros já cortavam o céu do Complexo do Alemão e da Penha nesta sexta-feira, dia 24 de janeiro de 2025. Enquanto 500 policiais subiram o morro para impedir uma festa de aniversário, o jardineiro Carlos André Silva, como tantos outros, tentava chegar ao BRT para começar sua jornada até o seu trabalho, mas hoje sua caminhada não chegou ao fim. Um tiro de fuzil lhe atingiu, nem mesmo conseguiu chegar à estação. A operação utilizou drones e declarou que “são utilizados exclusivamente para monitoramento e coleta de informações estratégicas”. Porém, a maior parte dos tiros encontrados em casas e comércios foram disparados de baixo para cima, ou seja, da polícia. Para onde foram as informações estratégicas?
A operação “fim de festa” durou 12 horas, matando mais de 6 pessoas e deixando 8 feridas. A operação que ao longo do dia destruiu casas, como foi o caso de uma senhora que teve a parede da sua sala derrubada após uma quantidade enorme de tiros atingi-la, também fez com que dezenas de milhares de pessoas ficassem presas em casa com medo de serem alvejadas. Além da destruição de comércios, como foi o caso da barbearia de Joaby Lucas o JL do corte e denunciado pelos moradores de Nova Brasília.
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O porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Major Maicon Pereira, disse que o objetivo da operação era coibir roubo de carga e de celular. Ao ser questionado pela repórter do monopólio de mídia, disse: ‘’ficamos sabendo do aniversário do chefe do Comando Vermelho na região e decidimos intervir’’. O que se vê, além da já conhecida indiferença em relação a vida do povo, é que a Polícia Militar do Rio de Janeiro já não faz nenhuma questão de estruturar desculpas para seu absurdo diário. Qual a relação de roubos de carga, roubos de celular na rua e a festa de aniversário de um traficante? Não há nenhum pudor em normalizar a matança sem qualquer motivo do povo carioca.

É importante que se diga que tais operações não tem como propósito o fim do tráfico de drogas, pois o mesmo existe com a parcimônia deste mesmo Estado, mas tem como objetivo cercear o povo e impor medo, nem que pra isso seja necessário matar e destruir vidas. Denunciar o caráter vil das operações policiais nas favelas, não é de modo algum assumir uma postura derrotista ou estigmatizar os moradores, é necessário a denúncia pois não podemos aceitar quieto tanta humilhação e desprezo as nossas vidas. Se faz também ainda mais necessária a organização popular, é necessária pois é deste modo que o povo poderá dar respostas contundentes contra esse velho Estado genocida que não tem nenhum escrúpulo para tentar lhes eliminar. Precisamos revidar!
JUSTIÇA PARA CARLOS ANDRÉ SILVA!
PELO FIM DAS OPERAÇÕES POLICIAIS!
FORA DAS FAVELAS, POLICIAS ASSASSINAS!